Melhor dizendo, a causa até alimento, mas o Banco Alimentar não.
Há muitas formas de matar a fome a quem a tem e o BACF não é, para mim, a melhor delas.
Coisas muito estranhas se passam na instituição e, se nenhuma é perfeita, vejo no Banco Alimentar muita coisa mal feita.
Trabalhei numa IPSS que recebia alimentos do Banco Alimentar. Recebia muito arroz com bichinhos voadores, muitas embalagens dos mais variados produtos com o prazo de validade vencido ou prestes a terminar. Onde andavam aqueles bens alimentares tanto tempo que o seu prazo de validade passava? Já que as pessoas que compram os produtos nestas campanhas compram-nos no dia, com datas bastantes alargadas portanto.
Também trabalhei numa grande superfície e via os bens que as pessoas compravam para o famoso saquinho que deixavam com os voluntários. Se havia muitos bens de marca branca, mais baratos (que eu consumo e não têm nada de mal) também havia muitos de boas marcas. Para onde vão? Sim, porque também tive acesso a um armazém de bens do Banco Alimentar e não vi por lá óleos Fula, azeites Galo e por aí fora. Claro que isto foi numa visita a um armazém, pode não acontecer sempre nem em todo o lado, mas para mim, uma vez é o suficiente para eu ficar de pé atrás.
E o leite? Para onde vão os litros e litros de leite doados se a maioria dos beneficiários recebe depois leite em pó? Será só em Coimbra que acontece?
Quem faz a triagem dos beneficiários? Pois, é que conheço várias pessoas que recebem bens sem precisar deles. E são pessoas que não enganam ninguém, ou melhor, não se vão queixar e dizer que precisam. Simplesmente têm amigos, que têm amigos e recebem umas coisinhas para distribuir pelos pobres que conhecem. Claro que depois a definição de pobre não é bem aquela que vem no dicionário e anda por aí muito boa (?) gente a comer à custa da solidariedade ingénua (?) de outros.
Depois vem a própria campanha em si. A meu ver, um fim de semana de recolha nas grandes superfícies do país mais não é do que uma forma de ajudar a encher os bolsos a "belmiros", "jerónimos" e companhia. Entendo a ideia de facilitar a vida a quem faz as doações, que calha em caminho, mas não haveria forma de fazer qualquer coisinha com o comércio local?
Por tudo isto não ajudo o Banco Alimentar.
Não critico quem o faz, já que tenho consciência que, apesar de funcionar mal, ajuda de facto muita gente que precisa.
Eu procuro, e encontro, outras opções de ser solidária com os mais desfavorecidos.