Sou católica.
Não pretendo que todos percebam, muito menos que todos concordem, mas exijo que respeitem.
Acredito em Deus.
Não há provas que existe? E há provas de que não existe?
E não me venha ninguém com "à e tal, se existisse não acontecia isto ou aquilo", que eu tenho uma coleção de "se não existisse, isto ou aquilo não teria acontecido".
A fé é uma questão muito pessoal, que não se explica, não se ensina. Ou se tem, ou não se tem. Apesar de muitas dúvidas e principalmente muitos "porquê?".
Apesar de alguns momentos sentir que Ele me deixou sozinha, a verdade é que também há muitos em que sinto que Ele me pegou ao colo.
Isto tudo não significa que a Igreja seja algo de certo e inquestionável para mim, longe disso.
Escrevo sobre isto porque a minha longa ligação de trabalho à Igreja terminou.
Não sei se para sempre, mas sinto que fechei um ciclo da minha vida e em muito se deve ao ponto a que chegou a Igreja.
Fui catequista mais de 20 anos.
Os últimos 5, mais para acompanhar os "meus meninos" do que por outro motivo e sinto que fiz bem. Acompanhei dois grupos, 10 anos cada. Mais uns outros durante menos tempo. Já tenho "meninos" casados, pais, formados, emigrados... os mais novinhos andam agora numa fase importante de estudos... e é uma maravilha vê-los crescer, acompanhar o desabrochar de seres humanos extraordinários que, sem modéstia, têm um bocadinho do que eu lhes transmiti.
A religião, a fé, tem coisas boas e foi isso que sempre lhes ensinei: o que é bom, o que é mau e a escolher o melhor, para eles e para os outros.
Agora para mim já chega.
Um catequista não debita "matéria", se calhar nem ensina nada. Um catequista mostra caminhos e, para ser muito sincera, há "caminhos" da Igreja nos quais não me revejo e tenho dificuldade em acompanhar.
É relativamente fácil viver com essas diferenças, mas não é fácil transmitir o que é devido, e esperado por quem inscreve os filhos na catequese, se não acredito ou não concordo com o que estou a dizer.