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Blog de AlGo

Por Mena Gomes

Blog de AlGo

Por Mena Gomes

Intolerável, hediondo e imperdoável

16.02.23

Não se pode aceitar calado que a Igreja pense que tem uma palavra a dizer sobre a vida sexual de pessoas maiores de idade, com todas as capacidades mentais, e tenha calado tanto tempo os seus pecados criminosos.

O barulho tem que vir, em primeiro lugar, de dentro. De quem pertencendo de alguma forma à Igreja, vê a sua vida apelidada de suja por quem vive num verdadeiro aterro de lixo e fecha os olhos.

Exija-se um pedido de desculpas claro, uma condenação veemente, um afastamento definitivo de quem fez e de quem escondeu. Não está em causa a Justiça dos tribunais, essa que se faça em paralelo, a Igreja tem que condenar quem se serviu dela para o mais abjeto dos atos.

Depois, que Deus lhes perdoe, se puder, porque o comum mortal não tem como o fazer.

Da Igreja, da fé, da religião... de mim

12.09.18

Sou católica.

Não pretendo que todos percebam, muito menos que todos concordem, mas exijo que respeitem.

 

Acredito em Deus.

Não há provas que existe? E há provas de que não existe?

E não me venha ninguém com "à e tal, se existisse não acontecia isto ou aquilo", que eu tenho uma coleção de "se não existisse, isto ou aquilo não teria acontecido".

 

A fé é uma questão muito pessoal, que não se explica, não se ensina. Ou se tem, ou não se tem. Apesar de muitas dúvidas e principalmente muitos "porquê?".

Apesar de alguns momentos sentir que Ele me deixou sozinha, a verdade é que também há muitos em que sinto que Ele me pegou ao colo.

 

Isto tudo não significa que a Igreja seja algo de certo e inquestionável para mim, longe disso.

 

Escrevo sobre isto porque a minha longa ligação de trabalho à Igreja terminou.

Não sei se para sempre, mas sinto que fechei um ciclo da minha vida e em muito se deve ao ponto a que chegou a Igreja.

 

Fui catequista mais de 20 anos.

Os últimos 5, mais para acompanhar os "meus meninos" do que por outro motivo e sinto que fiz bem. Acompanhei dois grupos, 10 anos cada. Mais uns outros durante menos tempo. Já tenho "meninos" casados, pais, formados, emigrados... os mais novinhos andam agora numa fase importante de estudos... e é uma maravilha vê-los crescer, acompanhar o desabrochar de seres humanos extraordinários que, sem modéstia, têm um bocadinho do que eu lhes transmiti. 

 

A religião, a fé, tem coisas boas e foi isso que sempre lhes ensinei: o que é bom, o que é mau e a escolher o melhor, para eles e para os outros.

 

Agora para mim já chega.

 

Um catequista não debita "matéria", se calhar nem ensina nada. Um catequista mostra caminhos e, para ser muito sincera, há "caminhos" da Igreja nos quais não me revejo e tenho dificuldade em acompanhar.

 

É relativamente fácil viver com essas diferenças, mas não é fácil transmitir o que é devido, e esperado por quem inscreve os filhos na catequese, se não acredito ou não concordo com o que estou a dizer.

Igreja a ser Igreja

08.02.18

Com esta recomendação absurda, a Igreja mostra-se ridícula.

 

Os senhores da Igreja teimam em não acompanhar os tempos, em fingir que vivem uma coisa que não vivem.

 

Muitas vezes, a Igreja é acusada de afastar os crentes, mas isso não é verdade.

Os crentes estão onde sempre estiveram, a viver uma vida humana, perfeitamente normal. A Igreja é que se afasta deles, situando-se num nível que mais do que inalcançável, é tão indesejado como desnecessário.

 

Só Deus na causa.

Pedem-me que reze

19.10.17

Sabendo-me católica, já não é a primeira vez que alguém me pede que reze por determinada coisa, ou situação.

 

Óbvio que digo que sim e tento transmitir a força, coragem, a luz... a esperança que a pessoa precisa, mas a verdade é que em algumas dessas alturas, não o consigo fazer.

 

Não consigo rezar.

 

Para muita gente, rezar é pedir, para alguns também agradecer, mas arrisco dizer que para a maioria é pedir. Para mim não. Para mim, rezar é conversar com Deus.

Conversar implica desabafar, falar de coisas triviais, agradecer e também pedir, claro. Mas a minha relação especial com Deus, permite que me zangue com Ele e, às vezes, nem me apetece falar-Lhe.

 

Se o fizer, vou discutir.

 

Nessas alturas prefiro tentar o silêncio, mesmo o silêncio do pensamento, até que consiga encontrar a paz interior que me faça fazer as pazes com Ele, enfrenta-lo e aí sim, conversar.

 

Acho que Ele me entende porque, não raras vezes, nessa conversa, já só preciso agradecer.

 

Não, nem tudo me corre bem na vida, longe disso, mas ainda assim, olhando à minha volta, continuo a ter muito que agradecer.

Disto das peregrinações

10.05.17

A minha rua "desagua" na estrada nacional nº1, pelo que, ver peregrinos a passar é uma constante por esta altura.

Em grupos maiores ou menores, com maior ou menor sofrimento, é vê-los passar, atualmente muito mais coordenados, e com muito mais apoio. Tempos houve em que era aflitivo o que se via, com "magotes" de pessoas pelo meio da estrada, por exemplo.

Nunca fui de acordo com este tipo de devoção. Acho que Deus não precisa de sacrifícios e vejo as promessas como uma espécie de chantagem que se faz a Deus e aos Santos, pelo que não são coisas que aprovo. No entanto, não deixo de sentir um profundo respeito por quem o faz, porque não quero sequer imaginar o sufoco porque passa alguém que promete tal coisa. E mesmo os que vão sem promessa, a força daquilo que os leva a caminhar.

 

É por isso que paro o carro antes de entrar na estrada e os deixo passar, para que não parem a caminhada. É por isso que lhes sorrio e desejo boa viagem. É por isso que não consigo reclamar porque ocupam muito a estrada e que rezo para que cheguem bem ao seu destino.