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Blog de AlGo

Por Alexandra Gomes

Blog de AlGo

Por Alexandra Gomes

15
Mar22

...

Conheço a Vera não há muito tempo, mas ela é daquelas pessoas que cativa, que enche uma sala de alegria, e que, sem darmos por isso, faz parte da nossa vida. O mesmo aconteceu com o Cesário, o filho da Vera. Simpático, alegre, atencioso, com o sorriso como marca registada. Um bom miúdo. Um rapaz incrível.

O Cesário partiu no sábado.

Faltam-me as palavras para dizer o que isto significa. 

 

02
Dez20

Dezembro

Um dia 1 de dezembro mudou a minha vida. Aquele dia que se diz "o primeiro do resto da vida" aconteceu quando eu só tinha 14 anos, havia ainda muito para ser o resto. 

Tudo poderia ser diferente, isso eu sei, e as saudades são muitas, principalmente as saudades daquilo que não pude nem nunca vou poder viver. 

O meu pai morreu no fim de um primeiro dia de dezembro, há tanto tempo que parece uma vida, apesar de muitas vezes parecer que o tive ontem aqui.

Ele tinha a idade que eu tenho agora, talvez por isso, este ano, este dia seja ainda mais estranho. 

01
Jun20

A minha avó faria hoje 100 anos

Por isso, hoje era para haver festa e um cesto com 100 rosas. Era o que ela dizia que queria no centenário, mesmo achando que nunca lá chegaria. Tinha razão.

Acho que herdei dela o facto de ter sempre razão.

A vida tirou-a da Póvoa de Varzim, mas nunca lhe retirou o sotaque.

Aprendeu a ler sozinha, nas contas das vendas não se atrapalhava. Aprendeu a fazer croché só de ver fazer e bastava-lhe provar qualquer coisa para a conseguir reproduzir nos seus tachos sem dificuldade. Foi dela que herdei o gosto pela cozinha, apesar dela ser péssima a dar receitas, o que fazia com que pouca gente lhe consiga igualar o ponto, o paladar, a textura. Tenho para mim que é este o segredo das cozinheiras.

Que saudades do tempero da avó!!

Uma vida difícil, com muitas perdas pelo caminho e muitas histórias para contar. Não era de levar desaforos para casa.

"Reza a lenda" que andava a vender bananas num sítio onde a venda ambulante era proibida quando foi apanhada pela polícia e que, no caminho da esquadra, comeu quase tudo o que levava no cesto, pelo que já não havia nada para a acusar. A pena cumpriu-a em dores de barriga, mas de queixo erguido. Os polícias teriam ficado com as bananas e mais a multa e ela sem dinheiro para alimentar os filhos.

Pelo que consta, que eu não vi, era uma das que se envolvia nas maiores discussões que se tornariam históricas no bairro. Para defender alguém, para pedir satisfações de algo, mas principalmente, para deixar bem claro que aos filhos dela ninguém fazia mal.

Acho que herdei dela a precipitação e a impetuosidade.

A idade acalmou-a, a doença não lhe permitiu viver completamente feliz os últimos anos, mas viveu rodeada de amor e a dar amor a todos os que a rodeavam.

Por cá deixou uma herança de afetos, determinação, força e carisma. Acho que na família todos temos muito da "velha".

Tenho saudades, muitas!! Mas sei que as saudades são o amor que fica.

 

26
Nov19

Parabéns Magda

Aceitei escrever este post na hora que a ideia surgiu (aceitam-se apostas de quem é a culpada disto) e pensei que ia ser fácil.

Não é. 

A Magda faz anos e merece toda a atenção!!

Não queria cair nos clichés de escrever que é uma pessoa espetacular, com um coração enorme, amiga, gentil, sensível (isto seria mentira, que ela tem um calhau no peito e nem sequer chorou a ver o Marley), mas isso parece-me tão vulgar que não me apetece.

Pensei em falar dos defeitos, o que teria muito mais piada, mas... Não é que não os tenha, mas esconde-os muito bem ou então é a gargalhada dela que os apaga da nossa memória. (caneco, ela tem que ter defeitos, como é possível não me ocorrer nenhum relevante?!).

Contar como soubemos da existência uma da outra também já é do conhecimento geral e o primeiro contacto pessoal foi como se já tivéssemos estado efetivamente juntas várias vezes, durante toda a vida. Família, estão a ver?

A verdade é que nos conhecíamos melhor do que muita gente que priva connosco diariamente. Pelo menos da minha parte, é a mais pura das verdades.

Não me adianta estar para aqui a contar mais coisas nem tentar puxar à lágrima, que ela não vai chorar, por isso:

PARABÉNS Magda do meu coração.

Que os próximos 50 sejam ainda mais felizes do que os anteriores, tu mereces e aguentas, e que eu possa ser testemunha disso sempre, seja à distância de um abraço (figurado, que não somos melosas) ou das teclas e de um ecrã.

Gosto bué da tu.

Agora vão ao cantinho dela deixar mimo.

Não precisam de dizer que foram porque eu vos mandei.

 

 

08
Abr19

Almoço de família

Não estávamos todos juntos desde o último funeral e entre primos resolvemos que tínhamos que nos encontrar sem ser para isso.

O balanço é positivo.

 

- Estão todos muito velhos (eu não, claro).

- Estão todos mais gordos (eu por acaso não... sempre fui).

- As doenças estão aparentemente curadas.

- A saúde já não é a mesma para alguns.

- O tio machista está cada vez pior.

- A tia mais serena está com um sentido de humor acutilante e divertido.

- O tio paranoico ainda continua a achar que este encontro "traz água no bico".

- O mesmo de sempre disse que ia mas afinal "não pode".

- Há um segredos "bicudo" na família. Shiuuu!! (acho que já todos sabem, mas pronto).

 

 

Levei comida vegan, tão bem disfarçada que todos comeram e alguns perguntaram: 

- Então mas isto é vegan? 

Sim família, migas de feijão frade e "strudel" de maçã sempre foram vegan.

 

Comi quase tudo o que os outros comeram, menos a carne propriamente dita e o feijão preto, porque tinha bacon... de resto, até passei por uma "pessoa normal".

 

 
05
Abr18

Recebi um convite irrecusável

Um dos meus primitos, vem junto a mim e pergunta:

"Olha, queres ser minha padrinha?"

 

Quando consegui parar de rir, dei-lhe um beijinho na testa e disse-lhe que é madrinha que se diz e sim, claro que sim.

 

O batizado é só para o ano, que o rapaz anda-se a preparar para ser um cristão em condições e fará também a Primeira Comunhão.

17
Out17

Devastador e desolador

Sinto-me profundamente triste e a noção de que a minha tristeza não é nada quando comparada com a de tantas outras pessoas, faz-me sentir... vazia (à falta de melhor expressão).

Apetece-me chorar.

Por cada imagem de floresta ardida, por cada casa perdida, por cada novo balanço de vítimas.

Tantas vidas perdidas.

 

Este ano é terrível e desta vez a tragédia tem "cara", porque é muito próxima (será que é distante de alguém?).

 

São muitas as caras conhecidas que se viram envolvidas, que lutaram, que fugiram... que perderam... tanto.

 

A mãe de uma amiga luta pela vida e a minha amiga luta por se recompor e preparar para uma vida que não voltará a ser a mesma.

Esta madrugada chorei quando ouvi a chuva.

Veio tão tarde.

 

E a minha tristeza é tão pequena quando comparada com a de tantas outras pessoas...