... e as redes sociais explodiram.
Dos vários comentários, parvos e nojentos, alguns até criminosos, há coisas que não colam no argumentário desta malta transfóbica, cheia de medo que lhe afetem o orgulho hetero/macho/qualquercoisa:
- Muitos diziam: "As mulheres deixam?", "As mulheres não fazem nada?" "Onde andam as feministas?". Gente, uma verdadeira feminista quer é que os concursos de miss acabem para todo o sempre. Por mim já tinham acabado. Enquanto existem, quem os vence é o que menos importa.
- Alguém que nasce homem (vamos dizer assim, só para facilitar o discurso) tem muito mais dificuldades em chegar aos padrões de beleza de uma miss, por isso, isto não é sequer comparável à discussão se uma mulher trans deve ou não competir numa prova desportiva feminina.
Há anos que os concursos de miss andam a propagandear um estereótipo de mulher que todas devíamos recusar: Para ser uma "miss", a mulher tem que ser bonita, delicada, prendada, pura e de preferência oca da cabeça. Pela primeira vez em Portugal, este concurso, que é misógino e objetifica a mulher, tem um papel de inclusão. Pela primeira vez nos apresenta uma mulher que lutou (muito) por algo e que tem muito mais para dizer do que "quero a paz no mundo".
Não, a Miss Portugal não é um homem.
Marina Machete é uma mulher linda, completa e corajosa. Tão mulher como eu. Se vai representar a beleza portuguesa, sinto-me muito bem representada. Como feminista, preferia que ela não se sujeitasse a isto, mas, de todas as que já o fizeram, ela é a que tem mais lógica fazê-lo.
P.S. Não estou a dizer que todas as miss ou candidatas a miss são burras, somente que o que o concurso quer que elas pareçam é isso.