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Jun19
Fui madrinha de casamento
... apesar de não acreditar muito no casamento.
Não no casamento em causa, mas no casamento em geral, no matrimónio enquanto instituição para a vida.
Acredito que a grande maioria das pessoas case por amor e com a certeza absoluta que quer viver com aquela pessoa para a vida, por isso, é válido para quem o quer fazer, nada contra. Mas como podemos jurar, em plena consciência, que vamos amar e respeitar e bla, bla, bla... uma pessoa para o resto da vida?
As pessoas mudam, tanto o ser amado como quem ama, conhecem-se outras pessoas que até ali nem se sabia que existiam... e porque num dia de sol (ou chuva, tanto faz) em que se estava apaixonado se jurou que era para sempre, tem que se viver o resto da vida preso a essa promessa?
Não tem, eu sei que não tem, mas então faz sentido assinar esse "contrato"?
Dizia uma senhora que ficou na minha mesa no almoço: "Antigamente os casamentos duravam cinquenta anos, hoje duram cinquenta dias".
Pois duravam, mas à custa de quê? Do amor?
Será uma minoria aqueles que subsistiram por verdadeiro amor. A maioria durou porque havia dependência económica, porque havia medo, porque "é assim e pronto".
Faz sentido a sociedade continuar a "exigir" que o casamento seja para sempre?
Será justo que se acuse os que não duram de "agora as pessoas não aturam nada".
E têm que aturar porquê?
Têm que aturar maus tratos, infidelidades, deslealdades, "desamor", falta de paixão... porquê?
O objetivo maior do ser humano não é ser feliz? Não é válido que se procure a felicidade?
Pois eu acho válido que se procure a felicidade casando, como o fizeram os "meus noivos", mas também descasando, se assim foram mais felizes.
Espero que o casamento a que fui dure para sempre, desde que o para sempre seja enquanto os dois forem felizes.
Não digo "nunca", porque não digo, mas não conto casar. Se por qualquer obra do acaso, que me escapa neste momento, isso acontecer, será porque quero muito viver com essa pessoa para sempre, mas isso só é válido até ao momento em que deixo de querer.
Para mim, esse "quer e não quer" não precisa de um papel assinado para ser a sério.