Desafio da escrita dos Pássaros #4
As dores começaram às duas da manhã, primeiro apenas uma moinha de tempos a tempos.
Pelas 4 da manhã chamou um táxi e foi para a maternidade.
- Quer que avise alguém? Não tem que estar sozinha.
- Sou sozinha, não há ninguém para ser chamado.
Depressa as contrações apertaram e as dores fortes já vinham a espaços de menos de 5 minutos. Acalmou com a epidural e os pensamentos foram até àquele dia e àquele homem que lhe roubou a alegria quando lhe rasgou as cuecas.
De nada adiantou a Beatriz dizer que não.
As lágrimas corriam agora como naquela hora.
Sentiu a cama ficar molhada com o rebentar das águas e a enfermeira aproximou-se.
- Tem a certeza que não quer chamar ninguém?
- Não mudei de ideias em relação a nada.
O bebé queria nascer e era agora.
- Já tem nome?
- Força, respire...
- Está quase, vamos...
Beatriz gritou com toda a força que tinha no corpo e a réstia de vida que tinha na alma.
Silêncio. Choro de bebé. Frases soltas que ela não conseguia processar.
- Quer pegar no seu bebé?
- Não.
Beatriz disse que não, e agora...
- Mandem chamar a assistente social.
Tema: A Beatriz disse que não. E agora?