Não sou racista
Se a seguir à afirmação vier um "mas" é sempre de desconfiar, por isso não vou usar um "mas" e vou-me servir de um "apesar disso"...
Apesar de não ser racista, dou por mim a ver noticiários de Angola e Moçambique (tenho que o fazer, não é passatempo) e a pensar: estas pessoas são... diferentes.
Estranhas.
A festa que fazem porque foram inaugurados 100 metros de estrada em terra batida para juntar aos quilómetros esburacados do resto da via.
O tanto que louvam um governante porque levou a água a uma aldeia, mesmo que seja só uma torneira no meio de um largo.
A birra que os faz passar a noite junto a uma ponte que está a cair aos pedaços mas que não querem que seja encerrada porque terão que fazer uma viagem de mais 20 minutos. VINTE minutos.
O facto de deterem uma mulher que agrediu o marido com uma catana, algemarem-na mas não lhe retirarem a catana da mão. Ela e a vítima prestam declarações à televisão ali, à porta da esquadra, ele todo "empanado" mas pronto a perdoar, ela arrependida mas ainda armada.
Somos todos diferentes, é verdade, mas ali o atraso civilizacional é tão gritante que me entristece.
Em terras tão ricas, as populações continuam a ser vítimas de uma colonização absurda e de uma descolonização atabalhoada, de uma guerra demorada demais.
Não sou racista. Ponto.
Sei que o que faz essas pessoas serem diferentes é a sociedade em que estão inseridas, a cultura, a forma de viver... mas não deixa de ser triste que não tenham acesso a tudo o que nós, na Europa, temos.
Principalmente, acesso ao conhecimento.